27 janeiro de 1945 Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto 80 anos
Hoje, num quadro em que os Direitos Humanos em tantos aspetos e geografias parecem perder importância, torna-se imperioso olhar para estas más memórias, dando-lhes um sentido didático, procurando fazer com que o olhar para esses momentos de terror sejam, ao menos, instrumento possível para o presente.
De facto, nada melhor que olhar para o Holocausto, a Shoa, e ver como somos bons a matar, como somos eficazes na carnificina, como somos capazes das maiores crueldades em nome de ideias e de modelos. Como somos, enfim, iguais a nós mesmos, em quase nada diferentes dos nossos antepassados que fizeram esses gestos hediondos a que chamamos Holocausto.
E o passado não está assim tão distante. É muito próximo e corre-nos nas veias como que querendo tomar conta do nosso corpo em qualquer momento, despoletado por um qualquer discurso xenófobo ou intolerante.
Há bem pouco tempo, o papa Francisco falava do “silêncio cúmplice” de todos nós que sabemos o que está acontecer, quer com as comunidades cristãs do Médio Oriente, quer mesmo com as comunidades islâmicas que nessa região sofrem de forma única às mãos dos criminosos do Daesh, quer, ainda, com o que deixamos acontecer nesta epopeia vergonhosa dos refugiados.
O que mais me aflige em todo este quadro, seja o actual, seja o do Holocausto Nazi, é esse dito “silêncio cúmplice”. Deixamos acontecer, não saindo do nosso lugar de conforto, negando a mais elementar fraternidade para com os da nossa espécie. Se há o “Silêncio dos Inocentes”, temos em nós o “Silêncio dos Cúmplices”.
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