O 31 de Janeiro e a inspiração na Revolução de 1820

 Importa assim detetar o significado que a Revolta de 1891 teve para o Porto e avaliar o património que a mesma legou a Portugal. No que diz respeito à cidade, apesar de Oliveira Martins, Basílio Teles, Sampaio Bruno, Alves da Veiga, António Claro e Teófilo Braga pensarem que a revolução só poderia sair do Porto, a verdade é que o 31 de Janeiro encerra o ciclo revolucionário do Porto oitocentista, ou melhor, da burguesia oitocentista portuense. Diríamos até que essa revolta esgota as potencialidades revolucionárias do Porto. Tal não impediu que a data de 31 de janeiro de 1891 depressa fosse incorporada no imaginário coletivo da cidade do Porto como um símbolo de liberdade. Durante o Estado Novo, é sob a tutela desse facto histórico que os democratas vão reavivar a oposição ao regime, reivindicando, novamente, a República democrática, que veio a ser instaurada a 25 de abril de 1974.

No plano nacional, importa referir que a Revolta do Porto, em primeiro lugar, mostrou aos republicanos o caminho para terminar com a Monarquia e instaurar a República, isto é, o 31 de Janeiro constituiu o primeiro e o mais importante antecedente do 5 de Outubro, demonstrando assim que era, não pela evolução, não pelo sufrágio eleitoral, mas sim através da revolução, que o Partido Republicano podia conquistar o poder.

Em segundo lugar, a Revolta do Porto sacralizou as cores da bandeira e do hino, que se vieram a transformar em símbolos nacionais. Com efeito, a bandeira partida (de verde e encarnado), a denunciar a sua origem maçónica na divisão vertical, apresenta as cores adotadas na Revolta de Janeiro de 1891, as cores da bandeira do Centro Republicano Federal do Porto, que foi hasteada então na Câmara Municipal do Porto. Após o 5 de Outubro de 1910, quando estalou a polémica que dividiu tanto monárquicos como republicanos quanto às cores da bandeira nacional, acabou por prevalecer a tese das cores verde e rubra, porque tinha sido justamente sob a bandeira vermelha e verde que os revoltosos do Porto tinham combatido e morrido. Por outro lado, "A Portuguesa", marcha patriótica gerada na indignação que o Ultimatum britânico de 1890 suscitou, rapidamente entoada por todo o país, foi o hino ao som de cujos acordes os revoltosos de 1891 marcharam, tornando-se a partir daí o hino do Partido Republicano Português. Proibida pela Monarquia, "A Portuguesa", após o 5 de Outubro de 1910, irrompeu de novo pela voz popular, consagrando-se, definitivamente, em 1911, como hino nacional.



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