«O Padrinho» celebra hoje 40 anos no cinema

Quando estreou, a 15 de março de 1972, «O Padrinho» foi o maior êxito da história do cinema, ultrapassando o anterior recordista, «Música no Coração». No dia em que celebra 40 anos, recordamos a saga cinematográfica da família Corleone.
 
No início, ninguém podia sequer sonhar com este desfecho: um filme quase sem estrelas relevantes na bilheteira, assinado por uma realizador sem grandes sucessos no currículo, tornou-se um dos maiores êxitos da história do cinema e um dos filmes americanos mais elogiados de sempre: em 2007, o American Film Institute colocou «O Padrinho» em segundo lugar no ranking das melhores películas norte-americanos de todos os tempos, logo a seguir a «Citizen Kane - O Mundo a Seus Pés».
Tudo começou em 1969, com a publicação do romance «O Padrinho», assinado por Mario Puzo, que fazia uma radiografia minuciosa de uma família mafiosa siciliana na Nova Iorque do pós-Segunda Guerra Mundial. O livro tornou-se um inesperado «best-seller» e a Paramount quis de imediato adaptá-lo ao cinema, mas realizadores de prestígio como Sergio Leone ou Peter Bogdanovichrecusaram a oferta. O projeto acabou por ir cair às mãos de Francis Ford Coppola, uma vez que os produtores queriam que fosse um ítalo-americano a realizar. Coppola tinha então ganho o Óscar de Melhor Argumento Original por «Patton» mas os filmes que realizara até aí, como «O Vale do Arco-Íris», tinham sido fracassos de bilheteira.
O processo de rodagem da película foi por isso muito complicado, com as decisões de Coppola a serem constantemente questionadas e com a possibilidade diária e real dele ser despedido a meio do processo. Ainda por cima, os atores escolhidos não eram de todo favoritos do grande público: Marlon Brando estava na mó de baixo da carreira e teve de provar aos produtores que conseguia fazer o papel, e Al PacinoDiane Keaton e Robert Duvall eram nomes quase desconhecidos, escolhidos em detrimento de estrelas mais famosas como Ryan O'Neal,Robert Redford ou Paul Newman. Só James Caan tinha então algum «star power» junto do público.
Contra ventos e marés, «O Padrinho» lá estreou a 15 de março de 1972 e tornou-se de imediato um êxito esmagador, com o próprio Stanley Kubrick a considerá-lo o melhor filme de sempre. Ultrapassou «E Tudo o Vento Levou» e «Música no Coração» em receitas brutas de bilheteira e conquistou três Óscares da Academia, incluindo Melhor Filme, Melhor Argumento e Melhor Ator, para Marlon Brando, que enviou à cerimónia uma atriz vestida de índia para recusar a estatueta, naquele que foi um dos momentos mais infames e polémicos na história das estatuetas douradas.
Coppola conseguiu transformar «O Padrinho» numa saga operática e trágica, a destilação de uma faceta do sonho americano em que o crime e os negócios se confundem, com a passagem de poder do líder de um império do crime, Don Vito Corleone, para o seu filho mais novo, Michael Corleone, um idealista que vai assumir o cargo a contragosto e para vingar o pai. O filme entrou no «zeitgeist» da América e marcou definitivamente a forma como os ítalo-americanos se viam a si próprios, incluindo os próprios gangsters, que assumiram os trejeitos das personagens do filme, como a série «Os Sopranos» exemplificaria três décadas depois.

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