Há 50 anos, assalto ao paquete Santa Maria isolou regime 'a nível internacional'

O assalto ao paquete Santa Maria, ocorrido há 50 anos, na madrugada de 22 de janeiro de 1961, contribuiu para isolar Salazar 'a nível internacional”, considerou Pedro Jorge Costa, biógrafo de Henrique Galvão, um dos protagonistas do episódio.

“Basicamente a nível internacional isolou o regime. A primeira reação das principais potências foi alinhar com a tese de que seria pirataria e iniciou-se uma perseguição ao navio, mas rapidamente se virou a opinião pública internacional - sobretudo dos Estados Unidos e Inglaterra - no sentido de parar a perseguição ao navio e de considerar que de facto a operação ´Dulcineia´ que estava a denunciar a ditadura em Portugal e em Espanha”, disse, em declarações à agência Lusa.

Nenhuma outra ação, acrescentou, “teve esta dimensão à escala mundial” ou “foi tão reconhecida”, considerou, lembrando que a primeira classe do navio “estava cheia de turistas americanos”.

A mediática operação de tomada do paquete da Companhia Nacional de Navegação, nas Caraíbas, por comandos portugueses e espanhóis, teve, no entanto, o efeito contrário em Portugal, como aponta Pedro Jorge Costa.

“Em Portugal, pelo contrário, registou-se uma união em torno de Salazar e aliás assistiu-se a uma enorme manifestação de apoio ao regime. Quando o navio chegou ao cais de Alcântara estavam mais de 100 mil pessoas, o que deu uma visibilidade ao apoio que o regime teve nesta altura, que se juntou a outras questões como a guerra colonial”, notou.

A operação “Dulcineia”, que “durante duas semanas encheu as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo”, acabou por ser “a primeira grande ação de um ano absolutamente terrível” para o Estado Novo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

25 de Abril de 1974 - A Revolução dos Cravos

24 de Outubro de 1929 " Wall Street Crash" na bolsa de Nova Iorque 80 anos passaram...